Um lindo casal eles eram. Tinham tudo pra dar certo. Amor, amizade, compreensão, respeito, cuidado, carinho... Com estes ingredientes, qual relacionamento não dura “até que a morte os separe”? O tempo passa... e é cruel muitas vezes. A rotina também é muito cruel. É capaz de minar alguns sentimentos, entre eles, uns bem essenciais como o desejo, a vontade de ficar junto. O ruim é que às vezes acontece apenas com um parceiro. Foi o que aconteceu com eles. Era tudo perfeito demais. Lindo demais. O plano era envelhecer junto. No entanto... não fizeram nem 10 anos. Agora só falta colocar as cartas na mesa. Dizer adeus. A hora era chegada quando ela adoece. Não foi nada programado. Ela queria ter dito antes que havia “enjoado” dele e que queria terminar o relacionamento. Mas a hepatopatia (doença no fígado) foi mais rápida. Ela teve que ir pro hospital às pressas e logo descobriu que precisaria de um novo fígado. Por sorte, ele tinha o mesmo tipo sanguíneo e poderia ser doador de um pedaço de seu órgão. “Ah meu Deus! Isso não é justo!” Pensou a amiga que sabia de toda estória. “Você tem que contar pra ele! Tem que dizer que você vai deixá-lo!”, disse a amiga. “Você tem razão. Vou contar pra ele.” Respondeu a esposa. No caminho para a sala de cirurgia eles se encontraram numa ante-sala, ambos deitados em uma maca, preparados para a cirurgia. “Preciso te contar uma coisa.” Disse a esposa. “Não precisa agradecer. Eu te amo. Você vai ficar bem.” Disse ele. E antes que ela pudesse continuar, o enfermeiro a anestesiou e depois a ele. A cirurgia correu bem. A vida dela foi salva graças ao seu marido. Enquanto ela se recuperava, a amiga do casal foi conversar com ele. “Preciso te contar uma coisa” disse ela. Respondeu o marido: “Sabe, Mary, minha esposa tem estado distante de mim esses meses. Sei que ela vai me deixar. Mas pra mim, o que importa é que ela esteja bem, mesmo que não seja comigo. Se fosse preciso, eu doaria meu fígado pra ela de novo. E eu faria isso simplesmente porque eu a amo”.
Gostaria de dizer que vi esta cena “ao vivo e a cores”, mas este texto foi adaptado de um episódio da 3ª Temporada de House M.D.
[Gabrielle Lins de Souza]