6 de nov. de 2009

Um Breve Momento de Graça (parte 3)




Um lindo casal eles eram. Tinham tudo pra dar certo. Amor, amizade, compreensão, respeito, cuidado, carinho... Com estes ingredientes, qual relacionamento não dura “até que a morte os separe”? O tempo passa... e é cruel muitas vezes. A rotina também é muito cruel. É capaz de minar alguns sentimentos, entre eles, uns bem essenciais como o desejo, a vontade de ficar junto. O ruim é que às vezes acontece apenas com um parceiro. Foi o que aconteceu com eles. Era tudo perfeito demais. Lindo demais. O plano era envelhecer junto. No entanto... não fizeram nem 10 anos. Agora só falta colocar as cartas na mesa. Dizer adeus. A hora era chegada quando ela adoece. Não foi nada programado. Ela queria ter dito antes que havia “enjoado” dele e que queria terminar o relacionamento. Mas a hepatopatia (doença no fígado) foi mais rápida. Ela teve que ir pro hospital às pressas e logo descobriu que precisaria de um novo fígado. Por sorte, ele tinha o mesmo tipo sanguíneo e poderia ser doador de um pedaço de seu órgão. “Ah meu Deus! Isso não é justo!” Pensou a amiga que sabia de toda estória. “Você tem que contar pra ele! Tem que dizer que você vai deixá-lo!”, disse a amiga. “Você tem razão. Vou contar pra ele.” Respondeu a esposa. No caminho para a sala de cirurgia eles se encontraram numa ante-sala, ambos deitados em uma maca, preparados para a cirurgia. “Preciso te contar uma coisa.” Disse a esposa. “Não precisa agradecer. Eu te amo. Você vai ficar bem.” Disse ele. E antes que ela pudesse continuar, o enfermeiro a anestesiou e depois a ele. A cirurgia correu bem. A vida dela foi salva graças ao seu marido. Enquanto ela se recuperava, a amiga do casal foi conversar com ele. “Preciso te contar uma coisa” disse ela. Respondeu o marido: “Sabe, Mary, minha esposa tem estado distante de mim esses meses. Sei que ela vai me deixar. Mas pra mim, o que importa é que ela esteja bem, mesmo que não seja comigo. Se fosse preciso, eu doaria meu fígado pra ela de novo. E eu faria isso simplesmente porque eu a amo”.

Gostaria de dizer que vi esta cena “ao vivo e a cores”, mas este texto foi adaptado de um episódio da 3ª Temporada de House M.D.
[Gabrielle Lins de Souza]